Para o texto de estreia da nossa coluna na rádio circuito Mix fiquei pensando em um tema relevante para ser abordado e confesso que a reflexão tomou horas e horas de alguns dias, pois o texto de estreia marca o tom da coluna e espero de coração que você goste.

          Antes de iniciar a exposição das ideias, quero agradecer do modo mais sincero possível o convite do querido Daniel Lima….. para que eu escrevesse uma coluna para a rádio circuito Mix. O convite chegou através do Messenger em uma noite de quinta-feira, veja você, no dia 01 de abril (mas o convite não era uma mentira), e claro que prontamente aceitei e fiquei sem sono, imaginando o quão seria ter um espaço para expor minhas ideias, dar dicas e esclarecimentos jurídicos, promover discussões de temas relevantes, trocar ideias, enfim ter um canal de comunicação diretamente com você que agora está lendo este texto. Assim expresso minha gratidão.

          Feitas as necessárias considerações iniciais, passamos a tratar das garantias legais e ferramentas tecnológicas que estão ao nosso dispor para que possamos exercer a sexualidade de modo pleno.

          Vivemos temas de afastamento social, sem festas, sem baladas, sem direito a “happy hour”, e com isso, ficamos sem ver os amigos, sem poder flertar, sem encontrar o crush”. Como consequência os acessos aos aplicativos de relacionamento aumentaram de modo considerável, para suprir a “carentena”, tal como afirmado por David Vermeulen, fundador e CEO do aplicativo de relacionamento The Inner Circle, conforme informação extraída do site meio & mensagem:

(https://www.meioemensagem.com.br/home/marketing/2020/06/12/pandemia-aumenta-uso-de-aplicativos-de-relacionamento.html):

A impossibilidade de flertar ou encontrar parceiros e até amigos em eventos físicos são fatores que levam à busca pelos recursos digitais. “Nós sabemos que o uso dos aplicativos aumenta durante períodos em que pessoas ficam em casa — o inverno é mais movimentado nas plataformas que o verão e sempre vemos um crescimento no começo de janeiro. As pessoas estão em casa e têm muito tempo para pensar, então estão olhando para aplicativos de relacionamento para se conectar com pessoas e criar conexões”, explica David Vermeulen, fundador e CEO do The Inner Circle

A sociedade contemporânea nos fez viver tempos de relacionamentos e amores líquidos, temas brilhantemente abordados por Bauman (Zygmunt Bauman, sociólogo e filósofo polonês), que na obra “Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos” trata da superficialidade das relações afetivas e da solidão do ser humano. Bauman faleceu em 2017 e como não viveu esse período de isolamento pandêmico, fico eu pensando, em como ele estaria enxergando e refletindo sobre esse momento.

Oras, se estamos vivendo tempos de amores líquidos e de solidão nada mais natural em buscar o auxílio dos aparatos tecnológicos para buscar matar a carência, trocar afeto, ou quem sabe encontrar a alma gêmea e compartilhar a vida, mas para que você tenha segurança vou lhe passar algumas dicas:

– Certifique-se das autorizações de acesso que você está dando ao aplicativo e a forma que os seus dados pessoais são tratados (a plataforma deve lhe garantir proteção aos seus dados);

– Busque informações sobre o aplicativo antes de se cadastrar e veja se realmente aquele aplicativo realmente atende suas necessidades, pois tem aplicativo voltado para quem quer se casar, tem aplicativo voltado para quem quer fazer amizades, tem aplicativos voltados para quem quer apenas um encontro casual.

– Antes de marcar um encontro pessoal, busque saber ao menos o nome completo da pessoa, de modo que consiga dar uma “stalkeada” para saber um pouco do seu futuro amor.

– Fale sobre você, mas devagar. Tenha cuidado para revelar detalhes da sua vida e aprenda a escutar, ouça com atenção as informações que recebe.

– Lembre-se de que “quem vê cara, não vê coração”. Nos apps tem usuários com as mesmas intenções que as suas, e alguns para tirar vantagens. Fique atento e saiba até onde é o seu limite p(para) continuar com o envolvimento.

– Cuidado com as fotos que envia, elas geralmente, podem ser editadas e compartilhadas.

 – Preste atenção ao uso do celular em um encontro. Vídeos e fotos somente com consentimento mútuo e um ajuste da destinação posterior (na hora H, vale gravar um áudio no WhatsApp com o consentimento de amb@s e da finalidade e limites de uso posterior das mídias).

– Não se apaixone no primeiro encontro. É importante ter um tempo para conhecer, para namorar e somente depois viver em união estável ou se casar, pois no começo tudo é paixão e somente com o tempo os olhos passam a enxergar o outro de um modo, digamos assim, mais real.

– Quando chegar o momento de partir para um relacionamento estável, com convivência diária, dê uma olhada nos regimes de bens que do Código Civil (comunhão de bens, separação de bens, comunhão parcial de bens, participação final nos aquestos), escolha com @ parceir@ o que é melhor para vocês e façam pelo menos uma escritura pública de união estável em um cartório de notas ou pense em realmente se casar.

– Não se limite, não se proíba, mas coloque limites. Exerça sua sexualidade de modo pleno, brinque e se divirta (outro dia ouvir dizer que o sexo é o playground do adulto), mas lembre-se que você somente faz o que você quer, não permita que outro lhe obrigue a nada.

– Lembre-se sempre de proteger a sua saúde (PREP te livra do HIV, mas não te livra de outras DST´s), e se ainda não tiver tomado a vacina, vale até mesmo pedir teste de COVID antes de beijar.

Por fim, e não por isso menosimportante, saiba que você pode, a Constituição Federal lhe garante o Direito de ser feliz. Aproveite sua vida e seja sempre sem quem você quer ser.

Até nossa próxima conversa.

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